sábado, 1 de março de 2014

Dia de consulta

Hoje foi dia de consulta. Mostrar resultados, colocar duvidas, avaliar as semanas que passaram. É sempre um momento de uma certa dor para mim enquanto mãe. É rara a consulta em que não me vêm as lágrimas aos olhos. É o colocar em palavras, é o dar som a coisas que muitas vezes preferia que fossem esquecidas. Na verdade, se pudesse escolher o que queria mesmo é que nem tivessem acontecido. Mas para o bem do meu filho não as posso mascarar, ainda que muitas vezes me apeteça. Apetece-me arranjar uma desculpa, dizer que afinal não percebi bem ou que houve uma qualquer razão que não a verdadeira para isto ou aquilo ter acontecido. Mas não é assim, os problemas são reais, existem, e se não os enfrentarmos mais complicados de resolver se tornam.
Hoje levamos um ponto principal a discussão: A mentira. Sim, um dos maiores problemas desde há algum tempo atrás em nossa casa.  Anda numa fase em que mente por tudo e por nada, esconde as decisões, não assume as atitudes. Cada vez que mente tentamos conversar com ele, fazer-lhe ver as coisas e a importância de dizer a verdade. Aceita tudo o que lhe dizemos, no entanto no dia a seguir.... mais uma mentira.... uma falta de honestidade... Depois vem o castigo, tentamos ser intransigentes nesta questão. Não aceitamos mentiras, não faz parte dos nossos princípios.  É um circulo vicioso, com medo das reprovações então tenta "enrolar-nos" novamente ... DESESPERAMOS... criou-se um clima em casa de total desconfiança em relação ao nosso filho. Tudo é colocado em questão, controlamos tudo, pelo menos o que conseguimos. E ainda assim, sabemos que isto não é o correto. É redutor do que somos enquanto familia, é redutor do amor que temos pelo nosso filho e do amor que ele tem por nós.
Estamos todos a tentar melhorar. Sei que vamos conseguir. O nosso filho tem muita força de vontade e sei que isto é mais uma prova pela qual tem que passar, mais uma aprendizagem... Mas e eu mãe? E o pai?  Que tipo de pais queremos ser, e que tipo de pais estamos a ser? Estaremos à altura para enfrentar todos estes desafios? 

Só gostava de ter a certeza, de não sentir esta angustia da incerteza do dia a seguir...

De qualquer forma, hoje vamos aproveitar a energia renovada com que saímos da consulta, o otimismo e a confiança de que com vontade, trabalho e amor conseguiremos seguir em frente e que vamos também aprender a compreender melhor o nosso filho.







2 comentários:

  1. Lido com o mesmo tipo de problema. E o que tenho aprendido ao longos dos ultimo tempos, é que a desconfiança por sistema, e o policiamento constantes fazem mais mal do que bem.
    O policiamento constante, só favorece em que eles desenvolvem tecnicas mais apuradas de nos esconderem as coisas. E o jogo do gato e do rato, que após os 10 anos deixa de ter qualquer beneficio (na minha experiência). O que funciona ?? A conversa, a confiança (alguns castigos, mas com consequência direta. Comportamento irresponsavel + mentira, dá direito a perda de confiança e a não poder fazer as coisas próprias para a idade: ir a casa de um amigo por exemplo, ter acesso ao telemovel etc.). Depois tento muito que ele percebe como as pessoas que ele gosta se sentem quando ele nos mente (é uma traição). As vezes, não cumpro com ele o que prometi, para ver como ele se sente, e debatemos como ele se sentiu por eu o ter desiludido.
    Patrícia

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  2. É verdade Patricia, tenho também notado ao longo destes ultimos tempos que quanto mais controlamos e policiamos mais ele refina as mentiras e a forma de dar a volta à situação. Tem sempre desculpa para tudo e houve até uma altura em que se o apanhávamos numa mentira, inventava logo outra. A psicoterapia que ele faz, não o ajuda só a ele. Ajuda-nos também a nós pais. Ajuda-nos a ter outros pontos de vista e a desenvolver outras perspectivas. Está a evoluir, mas devagarinho. Tentamos incentivar e reforçar os bons comportamentos.

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