sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Frustração

Ter um filho com Défice de atenção não é fácil. Ter um filho adolescente com Défice de atenção é menos fácil ainda. Se os nossos filhos têm dificuldades e se sentem inseguros, nós pais sentimos exatamente o mesmo. Temos dificuldades, temos inseguranças e muitas vezes sentimo-nos frustrados, com a agravante de não deixar transparecer este sentimentos para os nossos filhos.
Pelo menos é assim que me sinto em muitos dias. Os dias de consulta, os dias de falar com os professores e diretores de turma. Parece que há um medo, um sentimento de falha cada vez que nos dizem que não se comportam bem, que não se conseguem manter atentos ou não finalizam as tarefas.
Apetece-me dizer a toda a gente que isso é fruto do TDAH. Apete-me dizê-lo bem alto para que todos entendam. Sinto que o meu filho é incompreendido e às vezes eu própria sinto-me julgada. A sociedade está formatada para que todos sejam iguais. O meu filho é diferente, ponto.

É um filho carinhoso, amigo dos pais, sensível e ainda por cima é lindo. Dá muito trabalho ter um filho com TDAH mas há dias em que temos que nos abstrair da escola, dos professores e dos resultados. Há dias em que apenas temos que viver. 

Estamos a meio de mais um ano escolar, e mais uma vez começa a pairar sobre as nossas cabeças a possibilidade do chumbo. Sinto-me revoltada com este sistema escolar. De que vale chumbar o meu filho? Mais um ano na escola, o que é que vai ganhar com isso? Eu sei ... mais desanimo, mais desmotivação, mais baixa auto-estima... com tudo o que isso vai trazer. Não vejo por parte da escola publica qualquer plano para ajudar estas crianças e jovens. Vejo apenas que são rotulados como mal comportados e pronto...

O que devo fazer? Neste momento a minha maior preocupação é realmente a escola. Estou um pouco sem rumo... Sinto-me FRUSTADA... 

Acredito que muitos pais se sentem assim, fazemos de tudo para que os nossos filhos melhorem e ainda assim eles não conseguem. Amamos os nossos filhos, queremos o melhor para eles e não sabemos onde vamos encontrar resposta para as nossas questões. Tentamos todas as abordagens possíveis e imaginárias e quando parece que alguma está a resultar lá vem um recado da escola, uma má nota que nos faz duvidar de tudo.

Serei só eu? Serei?





quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

A terapia e a medicação

Hoje em dia o meu filho está a fazer Ritalina. Sei que há imensas opiniões, centenas de estudos, uns contra e outros a favor. A opinião que aqui vou deixar é apenas enquanto mãe e baseada na experiência do meu filho.

Muito antes de iniciar a medicação o meu filho frequentou as consultas com o psicólogo quinzenalmente. A terapia surtiu bastante efeito e notaram-se evoluções significativas principalmente ao nível do comportamento. No entanto, na sala de aula havia muitas queixas de desatenção, de impulsividade, falta de empenho e dificuldade de finalização de tarefas. Tudo sinais que apontavam para o diagnóstico que se veio a confirmar. Em casa os sinais também eram evidentes.

Em muitas destas consultas se falou na medicação, mas nós pais insistimos sempre na questão da educação e do respeito e fomos muito reticentes à medicação. Reticências que se deviam ao medo de estarmos a drogar o nosso filho, ao medo da dependência que lhe pudessemos causar e no fundo também pelo facto de termos a sensação que ao assumir a necessidade  de medicação estavamos também a assumir a nossa falha enquanto pais - pais que não conseguiam educar o seu filho. São momentos de angustia, os que se passam quando temos decisões destas nas mãos, mas a decisão acabou por chegar no dia em que recebemos uma queixa da escola a dizer que o nosso filho tinha batido num colega dentro da sala num ato completamente irrefletido e sem sentido.

Talvez tenha sido o medo a ditar o caminho a seguir, talvez tenha sido cobardia, mas foi assim... 

A partir dessa altura o nosso filho iniciou o Concerta. Foi uma experiência que não correu mal, mas que com o tempo tivemos que alterar para Ritalina. 

A opinião na escola é unânime, a capacidade de concentração aumentou e muito. Ok, há muitos aspetos a melhorar. Continuamos a trabalhar diariamente. Pais, família, escola, equipa médica, acreditamos que só assim é possível criar uma malha estreita para que o nosso filho se sinta apoiado e protegido.

Até agora, o balanço em relação à medicação é positivo. A duvida permanece, permanecerá sempre...

O meu coração de mãe não descansa. A minha cabeça não para... mas tenho que continuar!



  

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

O diagnóstico

O diagnóstico, não nos apanhou a nós pais de surpresa. Há muito que esta possibilidade de afigurava cada vez mais próxima.
As consultas e testes no psicólogo revelaram o que há muito sabíamos. Não foi de ânimo leve que o aceitamos, mas era uma forte evidência e não houve forma de lhe escapar.
As atitudes, a impulsividade, a falta de atenção nas aulas, os maus resultados escolares... A quantidade de coisas perdidas. Meu Deus, a quantidade de coisas que o meu filho perdeu ... Não há explicação... E o nosso desespero enquanto pais? Tanta pergunta, tanta duvida... Será que seríamos os responsáveis? E a relação? Sofreu, claro. Mas equilibrou-se, por nós e pelo nosso filho. Continua a não ser fácil passados 2 anos, continua a angustiar pela incerteza do futuro, pelo percurso escolar, pela incompreensão de muitos professores e pela estabilidade familiar, continua a doer. 

Estes últimos tempos têm sido particularmente instáveis, a entrada na adolescência não está a ser "suave". E eu preciso desabafar, este será o meu diário, o sitio onde escreverei o que me vai na alma.

Espero encontrar por aqui com quem partilhar experiências, trocar opiniões e dicas.

Vamos ver no que irá dar. Sintam-se à vontade se vierem por bem.
O
 meu filho tem TDAH, existe e precisa de mim. Quero aprender mais e tornar-me a cada dia uma melhor mãe.